domingo, 16 de setembro de 2012

HISTÓRIA DA TRADIÇÃO SÁKYA


HISTÓRIA DA TRADIÇÃO SÁKYA

S. S. Sakya Trizin

Neste Universo, no qual estamos residindo, existem muitas diferentes raças, culturas, diferentes filosofias, mas uma coisa é comum a todos, é que todas as pessoas, todo ser vivo, deseja estar livre do sofrimento.

Todos desejam experimentar felicidades. Seja crente ou descrente, qualquer que seja sua filosofia, qualquer que seja a tradição que mantenha.

E para conseguir a felicidade todas as pessoas fizeram os seus melhores esforços.

Para conseguir felicidade todas as nações construíram o progresso e para tanto muito trabalho foi realizado, muito progresso científico e tecnológio foi conseguido.

E houve muitas ações bem sucedidas, muitos problemas encontraram solução.

Mas é bastante claro que, sem desenvolvermos Sabedoria Profunda, o simples progresso material externo não nos dará por muito tempo o sucesso quanto à paz e à felicidade que estamos perseguindo.

Se o indivíduo não desenvolver a Sabedoria Profunda, o progresso material pode até tornar-se mais um obstáculo e não um meio para consegui-lo.

E agora, que estamos ingressando no novo Século, ter Sabedoria Interior, progresso mental, é fundamental.
Para conseguir esta Sabedoria Profunda, temos atingir a meta da Paz Real e da felicidade que buscamos. 

E assim, para o desenvolvimento da grande sabedoria, neste mundo, existem as diferentes religiões.

Eu pessoalmente acredito que todas as grandes religiões do mundo têm a sua beleza própria, a sua grandeza própria para desenvolver a bondade e a felicidade.

Mas como budista vou tentar apresentar o ponto de vista budista.

De acordo com o Ensinamento budista, todos os seres viventes, se tentarem seguir o desenvolvimento de um treinamento espiritual, serão bem sucedidos, porque todos os seres viventes possuem a chamada natureza búdica.

O que quer dizer que a natureza mesma de nossas mentes, apesar de nunca estar totalmente livre de obscuridades, apesar de nunca estar livre de poluições, apesar disso, a verdadeira natureza da nossa mente é pura desde um tempo sem princípio, desde o sem princípio.

Neste momento nós não vemos a verdadeira natureza da mente, porque estamos completamente cobertos de obscuridades, de poluição, de ilusões, de divisões.
Porque não vemos a verdadeira natureza da mente é que, devido a não conhecermos a realidade, nós nos inventamos um "eu".

E assim, devido a isto, para resolver o nosso sonho-de-um-eu, a nossa ilusão de um “eu”, nós nos aferramos a um "eu", como agregado do corpo, da mente e tudo isso junto nós cremos, nós tomamos como um "eu".


Este “eu”, que criamos, este eu artificial, fruto da nossa ilusão, é a fonte de toda a miséria e do sofrimento.


Para apropriadamente estarmos livres desse “eu” é preciso entrar no caminho espiritual e desenvolver aquela sabedoria profunda. Para podermos eliminar as obscuridades, porque as obscuridades não são a natureza da mente, as obscuridades estão no nível da cobertura.

Se as corrupções estivessem no nível da natureza da mente seria impossível, nada poderia ser transformado: o carvão não pode tornar-se branco por mais que o lavemos, porque a natureza do carvão é negra.

Mas as corrupções não são a natureza da mente, elas são temporárias.

Assim, com métodos corretos, nós podemos eliminar as obscuridades, assim como uma roupa branca coberta de sujeira não deixa ver a real cor da roupa. 
No momento nós não podemos ver a real natureza da mente, porque está coberta de poluições. 
O meio de eliminar essas corrupções é através do desenvolvimento do Método e da Sabedoria.

O Método depende da Sabedoria.

Sem a Sabedoria nós não podemos acumular o apropriado Método.

Para acumular o apropriado Método nós precisamos da Sabedoria.

E também para fazer brotar a Sabedoria nós necessitamos do suporte do Método.

Com os dois juntos, o Método e a Sabedoria, é que uma pessoa pode eliminar todas as obscuridades.

Só quando as obscuridades são eliminadas, podemos ver a verdadeira natureza da mente, com a qual podemos ter sucesso, o que quer dizer, em outras palavras, atingir a Iluminação, com a qual teremos todos os meios para conseguir realizar todos os nossos desejos, e porque todas as obscuridades foram eliminadas todas as qualidades poderão desenvolver-se.

E por isso nossos próprios desejos, os nossos próprios propósitos são realizados, e ao mesmo tempo, através do desenvolvimento das qualidades, nós poderemos desenvolver o socorro a todos os seres.

Isto é a introdução.

É muito importante conhecer as práticas espirituais da vida dos grandes Mestres para que nos inspiremos a seguir os seus exemplos. Porque também os grandes Mestres foram todos pessoas comuns como nós, e assim como nós estiveram cheios de corrupções e cheios de obscuridades.

Mas, porque entraram no caminho espiritual, e devido à prática que fizeram, com muito esforço puderam eliminar as obscuridades e desenvolver a Sabedoria e assim tiveram sucesso em suas práticas.

Por isso é muito importante conhecer a biografia dos Grandes Mestres.

Também para fazer nascer a inspiração para a prática é muito interessante conhecer os grandes Mestres.

Como sabem, o Budismo começou na Índia.
O Senhor Buddha nasceu na Índia e também atingiu a Iluminação na Índia.
E também na Índia demonstrou suas grandes atividades físicas, suas grandes atividades verbais, suas grandes atividades mentais.

Mas a sua atividade mais importante ficou conhecida como "Girar a Roda", Girar a Roda do Dharma.

O sentido disso é que a roda gira, e pelo girar da roda é que nós atingimos nosso destino, nosso objetivo, ou seja, nós vamos de um lugar para outro.

Semelhantemente, girar a roda tem dois significados: um é que, a grande realização tendo sido atingida pelo Buddha, através das palavras ele pôde transferi-la para nós, ou seja, assim como através da roda nós podemos viajar de um lugar para outro, através do girar da roda dos seus Ensinamentos puderam disseminar-se de um lugar para outro.

Outro sentido é que, primeiro nós ouvimos e aprendemos os Ensinamentos do Buddha, depois contemplamos, e a seguir meditamos sobre eles, e é através da meditação que nós prosseguimos e vamos mais adiante no caminho espiritual. 

Primeiramente o Ensinamento vem do Buddha para nós, e depois num momento posterior nós também prosseguimos. Este é o sentido de girar a roda.

Por isso o girar da roda do Dharma é a maior atividade realizada pelo Buddha, porque através do girar da roda os seres foram capazes de eliminar as obscuridades e conseguir o sucesso posterior no caminho. 

Depois que o Budismo se estabeleceu na Índia, se disseminou em vários países.

Mas no Tibet, e graças à bondade de virtuosos Reis do Dharma, de seus ministros, de alguns sábios indianos, de tradutores, através deles, o Tibet possuiu o completo Ensinamento do Buddha.

Ainda que em outras partes do mundo também existam profundas doutrinas budistas, alguns têm apenas a parte hinayana, outras têm apenas a parte mahayana, outras têm apenas a parte mantrayana (não completamente, mas têm).

O Tibet, porém, tem tudo, completo. Ensinamento Hinayana, o completo Ensinamento Mahayana e o completo Ensinamento Mantrayana.

E também tem as ciências relacionadas com a cultura budista, como a lógica, a arte e assim por diante.

O Tibet tem, não apenas o Ensinamento completo, mas o Mestres tibetanos atingiram a mesma realização que os Mestres indianos tiveram.

É por isso que se diz que o Tibet herdou os Ensinamentos na sua pureza, e não há diferença de realização entre os Grandes Mestres Indianos e os Tibetanos. A única diferença está no lugar onde aqueles e estes nasceram.

E assim como cada um desses dois países possuíram grandes Mestres, também dentro do Tibet cada uma das quatro escolas do Budismo tiveram igualmente grandes Mestres: A escola Ningma, Sakya, Kagiu e Gelugpa tiveram todas elas grandes Mestres. 

Da mesma forma na nossa tradição Sakya houve muitos grandes Mestres.

Os antepassados da tradição Sakya tiveram Sete Grandes Khöns.

Os Khön derivam diretamente de seres celestiais e mesmo naquele tempo antes do advento do Budismo eles eram emanações de Manjushri.

Depois, quando o Budismo veio da Índia, essa tradição [Khön] cresceu na propagação do Buddha-Dharma e pelo fato de que um dos primeiros tibetanos a receber a completa transmissão e ordenação era um Khön, cujo nome era Nagarashita.

Eram sete pessoas a receber a ordenação e ele era um dos mais jovens. Havia três velhos, um de meia idade, e três jovens. Nagarashita era o mais jovem. Todos eles se realizaram como monges completamente ordenados e isso foi muito auspicioso para o início da tradição do mosteiro tibetano.

Nagarashita e seu irmão, Dorge Rinchem, receberam os profundos Ensinamentos diretamente de Guru Padmasambhava e por esta razão eles praticaram o que se conhece como "antigos seguidores", o que em outras palavras eram os "Ningmapás".
Assim, a família Sakya herdou a mais antiga tradição de Vajrakylayia, ou seja, por 950 anos essa tradição existe na família Khon.

Muito tempo depois, o pai de Sachen Kunga Nyngpô (1092 – 1158), Khön Konchok Gyalpo, sentiu que devido às circunstâncias viera o tempo de estabelecer uma escola separada; que, se ele começasse uma escola separada seria mais benéfico; e assim a Escola Sakya foi estabelecida.

Khön Konchok Gyalpo estabeleceu o primeiro Mosteiro [Sakya]. Os Ensinamentos ali foram confiados aos Tradutores, porque os Ensinamentos que vieram dos tradutores eram considerados autênticos. Os Tradutores viajavam do Tibet para o Índia e ali se encontravam com os grandes Mestres indianos e recebiam os Ensinamentos.
Naquele tempo vivia o tradutor Dromi Lotsawa, um dos maiores tradutores. De fato, o grande Marpa, o fundador da Escola Kagiu, também estudou com Dromi Lotsawa. Dromi Lotsawa era um grande Mestre. Ele foi para a Índia e estudou com o grande "Karmalashila".

Assim ele voltou para o Tibet e lá encontrou Gayadhara.

A Linhagem do Landré: Virupa  837CE - 909CE; Krishnapa; Damarupa; Avadhutipa; e Gayadhara.

De Gayadhara ele recebeu novamente o Ensinamento LanDré, lá mesmo no Tibet.

O Treinamento da Mente, que é chamado "a liberação dos quatro apegos", se origina no mestre Sakya Sanchen Kunga Ningpô. 
Quando ele tinha 12 anos, estava engajado numa prática de retiro de Manjusrhi por seis meses, quando teve uma visão da deidade.
Manjusrhi apareceu em sua visão e lhe deu o seguinte ensinamento:
1- Se você tem apego a esta vida, você não é um praticante do Dharma.
2- Se você tem apego ao Samsara, você não tem sentido de renúncia.
3- Se você tem apego a si próprio, não há bodhiccita, pensamento de iluminação.
4- Se você está agarrado, não existe a visão.
Nessas quatro linhas todos os sentidos das seis paramitas, ou seis perfeições, estão contidos.

A fim de que você tenha o Dharma apropriado, ao invés de ter apego a esta vida, sua mente deve estar apegada ao Dharma; ao invés de ter apego ao Samsara, ou Existência, o nosso Dharma deve estar de acordo com certas instruções; ao invés de estarmos apegados a nós mesmos, devemos aprender o caminho que nos liberta das ilusões.
A sabedoria vai aparecer e libertá-lo da confusão.
O antídoto de estar apegado a si próprio é a sabedoria que vai além da ilusão. Aparece a sabedoria que está além dos conceitos analíticos. Este é um tipo de sabedoria além da fabricação dos dois extremos.

Dessa maneira, como prática preliminar, vamos meditar e contemplar 1° a preciosa existência humana, 2° a morte, e 3° a causa e efeito ou karma.
 
Que é a meditação na preciosa existência humana?
Devemos meditar nas características que constituem a preciosa vida humana. 
Na natureza, é muito difícil ter esta condição humana, por isto existem muitas causas que fazem esta vida humana preciosa. Existem, poucos entre os seres humanos, que têm esta inclinação para as coisas positivas.
No que se refere ao número de seres, existem mais os que se estão degenerando; e poucos se purificando. Por isso temos que compreender que esta preciosa vida humana, tão difícil de acontecer, não deve ser desperdiçada com obras comuns. Devemos utilizar esta existência humana para o esforço de libertar todos os seres e com isto sermos beneficiados nas outras vidas.

O próximo ponto é a meditação da impermanência e a morte.
Logo depois que nascemos, já estamos a morrer. Não existe nada que não morra nunca. As causas da morte são muitas e as causas que podem prolongar nossa vida são muito pequenas, por isto devemos compreender que a qualquer momento podemos morrer. Quando vem a morte, nada pode evitá-la: os parentes, as riquezas, os remédios, os ritos. A única coisa positiva na hora da morte é a nossa prática do Dharma, é a preparação para a morte.

O próximo passo para a meditação é a Meditação no Karma, ou na causa e efeito.
Compreendendo que esta existência humana é rara, e que esta vida que tem tantas possibilidades não sabemos quanto dura, vemos que a única coisa que pode ajudar-nos para as próximas vidas é a prática das causas puras do Dharma. Portanto, a invés de nos tornarmos vítimas de uma vida sujeita à morte, devemos usar cada momento, quando ainda estamos vivos, para praticar o Dharma.

Por isso devemos conhecer as diferenças entre ações virtuosas e ações não virtuosas, devemos nos prevenir de nos engajarmos em ações não virtuosas.

As 10 ações negativas ou não virtuosas são: As 3 ações negativas cometidas pelo corpo: Roubar, Matar, Conduta sexual errônea.
As 4 ações negativas da fala: Mentir, Palavras fúteis, Caluniar, Tagarelice.
  As 3 ações negativas da mente: Pensamento de agressão, Cobiça, Visão errônea.
Estas são as ações não-virtuosas, que são as causas devido às quais podemos nascer nos 3 reinos inferiores.
A causa e feito do karma é uma coisa inevitável. 
Mesmo que afortunadamente tenhamos nascido no reino humano, se fizermos as 10 ações não-virtuosas iremos colher o que plantarmos. Por exemplo: aqueles que muito mataram na vida passada, nessa vida terão vida curta; quem roubou no passado, será pobre nesta vida. Aqueles que mataram na vida passada, nesta vida terão gosto de matar, e serão assassinos, formando a cada vida um acúmulo cada vez maior.

O resultado das ações positivas como salvar a vida de animais ou qualquer ação virtuosa nos leva a nascer nos 3 reinos elevados, pois a relação é causal para cada ação: Não matar gera vida longa. Generosidade gera prosperidade material.

Devido ao karma de termos feitos ações positivas, acabamos nascendo nas circunstâncias que dão continuidade a realizar essas ações para beneficiar os outros. Compreendendo a questão do karma, só assim teremos confiança para fazermos ações positivas.
Devemos ter o maior cuidado com o resultado de nossas ações.
Entretanto, tudo isso existe do ponto de vista da verdade relativa.
Já do outro ponto de vista, o da verdade absoluta, nada existe.
Por isso terminamos a nossa fala citando o Sutra do Coração da Sabedoria, o que lemos no início: “Por isso, Shariputra, todos os dharmas são vazio. Não existem características. Não existe nascimento, nem cessação. Não existe impureza nem pureza. Não existe aumento nem diminuição. Por isso, Shariputra, no vazio não existe forma, nem sentimento, nem percepção, nem formação, nem consciência. Não existe olho, nem orelha, nem nariz, nem língua, nem corpo, nem mente. Não existe aparência, nem som, nem cheiro, nem sabor, nem tato, não existem dharmas. Não existe dhatu do olho, nem dhato da mente, não existe dhatu de dharmas, nem dhatu da consciência da mente. Não existe ignorância nem fim da ignorância, assim como não existe nem velhice nem morte, nem fim da velhice e da morte. Não existe sofrimento, nem origem do sofrimento, nem cessação do sofrimento, não existe caminho, nem sabedoria, nem apego, nem desapego.”

Com isso, nós concluímos o ensinamento de hoje, e vamos encerrar fazendo as preces de dedicação dos méritos de termos ouvido estes ensinamentos, para todos os seres. 

Neste Universo, todos desejam experimentar felicidades. E para conseguir a felicidade todas as pessoas fizeram os seus melhores esforços. Sem desenvolvermos Sabedoria Profunda, o simples progresso material externo não nos dará por muito tempo o sucesso quanto à paz e à felicidade que estamos perseguindo. De acordo com o Ensinamento budista, todos os seres viventes, se tentarem seguir o desenvolvimento de um treinamento espiritual, serão bem sucedidos, porque todos os seres viventes possuem a chamada natureza búdica. O que quer dizer que a natureza mesma de nossas mentes, apesar de nunca estar totalmente livre de obscuridades, apesar de nunca estar livre de poluições, apesar disso, a verdadeira natureza da nossa mente é pura desde um tempo sem princípio, desde o sem princípio. Não vemos a verdadeira natureza da mente e por isso, devido a não conhecermos a realidade, nós nos inventamos um "eu". Essa é a nossa principal ilusão. Mas as ilusões não são a natureza da mente, elas são temporárias. Assim, com métodos corretos, nós podemos eliminar as ilusões. O meio de eliminar essas corrupções é através do desenvolvimento do Método e da Sabedoria.
É muito importante conhecer as práticas espirituais da vida dos grandes Mestres para que nos inspiremos a seguir os seus exemplos. Porque também os grandes Mestres foram pessoas comuns como nós, e assim como nós estiveram cheios de corrupções e cheios de obscuridades. Mas, porque entraram no caminho espiritual, e devido à prática que fizeram, com muito esforço puderam eliminar as obscuridades e desenvolver a Sabedoria e assim tiveram sucesso em suas práticas.
Como sabem, o Budismo começou na Índia. O Senhor Buddha nasceu na Índia e também atingiu a Iluminação na Índia. E também na Índia demonstrou suas grandes atividades físicas, suas grandes atividades verbais, suas grandes atividades mentais. Mas a sua atividade mais importante ficou conhecida como "Girar a Roda", Girar a Roda do Dharma. Primeiramente o Ensinamento vem do Buddha para nós, e depois num momento posterior nós também prosseguimos. Este é o sentido de girar a roda. Depois que o Budismo se estabeleceu na Índia, se disseminou em vários países. Mas no Tibet, e graças à bondade de virtuosos Reis do Dharma, de seus ministros, de alguns sábios indianos, de tradutores, através deles, o Tibet possuiu o completo Ensinamento do Buddha. Ainda que em outras partes do mundo também existam profundas doutrinas budistas, alguns têm apenas a parte hinayana, outras têm apenas a parte mahayana, outras têm apenas a parte mantrayana (não completamente, mas têm). O Tibet, porém, tem tudo, completo. Ensinamento Hinayana, o completo Ensinamento Mahayana e o completo Ensinamento Mantrayana. Os Mestres tibetanos atingiram a mesma realização que os Mestres indianos. Cada uma das quatro escolas do Budismo tiveram igualmente grandes Mestres. 
A tradição Sakya deriva da família Khön. Quando o Budismo veio da Índia, um dos primeiros tibetanos a receber a completa transmissão e ordenação era um Khön, cujo nome era Nagarashita. Eram sete pessoas a receber a ordenação e ele era um dos mais jovens, e recebeu os profundos Ensinamentos diretamente de Guru Padmasambhava e por esta razão eles praticaram o que se conhece como "antigos seguidores", o que em outras palavras eram os "Ningmapás".
Muito tempo depois, o pai de Sachen Kunga Nyngpô (1092 – 1158), Khön Konchok Gyalpo, sentiu que devido às circunstâncias viera o tempo de estabelecer uma escola separada; que, se ele começasse uma escola separada seria mais benéfico; e assim a Escola Sakya foi estabelecida.
Khön Konchok Gyalpo estabeleceu o primeiro Mosteiro [Sakya]. Os Ensinamentos ali foram confiados aos Tradutores, porque os Ensinamentos que vieram dos tradutores eram considerados autênticos. Os Tradutores viajavam do Tibet para o Índia e ali se encontravam com os grandes Mestres indianos e recebiam os Ensinamentos.
Naquele tempo vivia o tradutor Dromi Lotsawa, um dos maiores tradutores.
Assim ele voltou para o Tibet e lá encontrou Gayadhara. A Linhagem do Landré: Virupa  837CE - 909CE; Krishnapa; Damarupa; Avadhutipa; e Gayadhara. De Gayadhara ele recebeu novamente o Ensinamento LanDré, lá mesmo no Tibet. Sachen Kunga Nyngpô é considerado o fundador.
O Treinamento da Mente, que é chamado "a liberação dos quatro apegos", se origina no mestre Sakya Sanchen Kunga Ningpô. 
Quando ele tinha 12 anos, estava engajado numa prática de retiro de Manjusrhi por seis meses, quando teve uma visão da deidade.
Manjusrhi apareceu em sua visão e lhe deu o seguinte ensinamento:
1- Se você tem apego a esta vida, você não é um praticante do Dharma.
2- Se você tem apego ao Samsara, você não tem sentido de renúncia.
3- Se você tem apego a si próprio, não há bodhiccita, pensamento de iluminação. 4- Se você está agarrado, não existe a visão.
Nessas quatro linhas todos os sentidos das seis paramitas, ou seis perfeições, estão contidos. A fim de que você tenha o Dharma apropriado, ao invés de ter apego a esta vida, sua mente deve estar apegada ao Dharma; ao invés de ter apego ao Samsara, ou Existência, o nosso Dharma deve estar de acordo com certas instruções; ao invés de estarmos apegados a nós mesmos, devemos aprender o caminho que nos liberta das ilusões.
A sabedoria vai aparecer e libertar-nos da confusão.
O antídoto de estar apegado a si próprio é a sabedoria que vai além da ilusão. Aparece a sabedoria que está além dos conceitos analíticos. Este é um tipo de sabedoria além da fabricação dos dois extremos.
Com isso, nós concluímos o ensinamento de hoje, e vamos encerrar fazendo as preces de dedicação dos méritos de termos ouvido estes ensinamentos, para todos os seres.