HISTÓRIA
DA TRADIÇÃO SÁKYA
S.
S. Sakya Trizin
Neste
Universo, no qual estamos residindo, existem muitas diferentes raças, culturas,
diferentes filosofias, mas uma coisa é comum a todos, é que todas as pessoas,
todo ser vivo, deseja estar livre do sofrimento.
Todos
desejam experimentar felicidades. Seja crente ou descrente, qualquer que seja sua
filosofia, qualquer que seja a tradição que mantenha.
E
para conseguir a felicidade todas as pessoas fizeram os seus melhores esforços.
Para
conseguir felicidade todas as nações construíram o progresso e para tanto muito
trabalho foi realizado, muito progresso científico e tecnológio foi conseguido.
E
houve muitas ações bem sucedidas, muitos problemas encontraram solução.
Mas
é bastante claro que, sem desenvolvermos Sabedoria Profunda, o simples
progresso material externo não nos dará por muito tempo o sucesso quanto à paz
e à felicidade que estamos perseguindo.
Se
o indivíduo não desenvolver a Sabedoria Profunda, o progresso material pode até
tornar-se mais um obstáculo e não um meio para consegui-lo.
E
agora, que estamos ingressando no novo Século, ter Sabedoria Interior,
progresso mental, é fundamental.
Para
conseguir esta Sabedoria Profunda, temos atingir a meta da Paz Real e da felicidade
que buscamos.
E
assim, para o desenvolvimento da grande sabedoria, neste mundo, existem as
diferentes religiões.
Eu
pessoalmente acredito que todas as grandes religiões do mundo têm a sua beleza
própria, a sua grandeza própria para desenvolver a bondade e a felicidade.
Mas
como budista vou tentar apresentar o ponto de vista budista.
De
acordo com o Ensinamento budista, todos os seres viventes, se tentarem seguir o
desenvolvimento de um treinamento espiritual, serão bem sucedidos, porque todos
os seres viventes possuem a chamada natureza búdica.
O
que quer dizer que a natureza mesma de nossas mentes, apesar de nunca estar
totalmente livre de obscuridades, apesar de nunca estar livre de poluições,
apesar disso, a verdadeira natureza da nossa mente é pura desde um tempo sem
princípio, desde o sem princípio.
Neste
momento nós não vemos a verdadeira natureza da mente, porque estamos
completamente cobertos de obscuridades, de poluição, de ilusões, de divisões.
Porque
não vemos a verdadeira natureza da mente é que, devido a não conhecermos a
realidade, nós nos inventamos um "eu".
E
assim, devido a isto, para resolver o nosso sonho-de-um-eu, a nossa ilusão de
um “eu”, nós nos aferramos a um "eu", como agregado do corpo, da
mente e tudo isso junto nós cremos, nós tomamos como um "eu".
Este
“eu”, que criamos, este eu artificial, fruto da nossa ilusão, é a fonte de toda
a miséria e do sofrimento.
Para
apropriadamente estarmos livres desse “eu” é preciso entrar no caminho
espiritual e desenvolver aquela sabedoria profunda. Para podermos eliminar as
obscuridades, porque as obscuridades não são a natureza da mente, as
obscuridades estão no nível da cobertura.
Se
as corrupções estivessem no nível da natureza da mente seria impossível, nada
poderia ser transformado: o carvão não pode tornar-se branco por mais que o
lavemos, porque a natureza do carvão é negra.
Mas
as corrupções não são a natureza da mente, elas são temporárias.
Assim,
com métodos corretos, nós podemos eliminar as obscuridades, assim como uma roupa
branca coberta de sujeira não deixa ver a real cor da roupa.
No
momento nós não podemos ver a real natureza da mente, porque está coberta de
poluições.
O
meio de eliminar essas corrupções é através do desenvolvimento do Método e da Sabedoria.
O
Método depende da Sabedoria.
Sem
a Sabedoria nós não podemos acumular o apropriado Método.
Para
acumular o apropriado Método nós precisamos da Sabedoria.
E
também para fazer brotar a Sabedoria nós necessitamos do suporte do Método.
Com
os dois juntos, o Método e a Sabedoria, é que uma pessoa pode eliminar todas as
obscuridades.
Só
quando as obscuridades são eliminadas, podemos ver a verdadeira natureza da
mente, com a qual podemos ter sucesso, o que quer dizer, em outras palavras,
atingir a Iluminação, com a qual teremos todos os meios para conseguir realizar
todos os nossos desejos, e porque todas as obscuridades foram eliminadas todas
as qualidades poderão desenvolver-se.
E
por isso nossos próprios desejos, os nossos próprios propósitos são realizados,
e ao mesmo tempo, através do desenvolvimento das qualidades, nós poderemos
desenvolver o socorro a todos os seres.
Isto
é a introdução.
É
muito importante conhecer as práticas espirituais da vida dos grandes Mestres
para que nos inspiremos a seguir os seus exemplos. Porque também os grandes
Mestres foram todos pessoas comuns como nós, e assim como nós estiveram cheios
de corrupções e cheios de obscuridades.
Mas,
porque entraram no caminho espiritual, e devido à prática que fizeram, com muito
esforço puderam eliminar as obscuridades e desenvolver a Sabedoria e assim
tiveram sucesso em suas práticas.
Por
isso é muito importante conhecer a biografia dos Grandes Mestres.
Também
para fazer nascer a inspiração para a prática é muito interessante conhecer os
grandes Mestres.
Como
sabem, o Budismo começou na Índia.
O
Senhor Buddha nasceu na Índia e também atingiu a Iluminação na Índia.
E
também na Índia demonstrou suas grandes atividades físicas, suas grandes
atividades verbais, suas grandes atividades mentais.
Mas
a sua atividade mais importante ficou conhecida como "Girar a Roda",
Girar a Roda do Dharma.
O
sentido disso é que a roda gira, e pelo girar da roda é que nós atingimos nosso
destino, nosso objetivo, ou seja, nós vamos de um lugar para outro.
Semelhantemente,
girar a roda tem dois significados: um é que, a grande realização tendo sido
atingida pelo Buddha, através das palavras ele pôde transferi-la para nós, ou
seja, assim como através da roda nós podemos viajar de um lugar para outro,
através do girar da roda dos seus Ensinamentos puderam disseminar-se de um
lugar para outro.
Outro
sentido é que, primeiro nós ouvimos e aprendemos os Ensinamentos do Buddha,
depois contemplamos, e a seguir meditamos sobre eles, e é através da meditação que
nós prosseguimos e vamos mais adiante no caminho espiritual.
Primeiramente
o Ensinamento vem do Buddha para nós, e depois num momento posterior nós também
prosseguimos. Este é o sentido de girar a roda.
Por
isso o girar da roda do Dharma é a maior atividade realizada pelo Buddha,
porque através do girar da roda os seres foram capazes de eliminar as
obscuridades e conseguir o sucesso posterior no caminho.
Depois
que o Budismo se estabeleceu na Índia, se disseminou em vários países.
Mas
no Tibet, e graças à bondade de virtuosos Reis do Dharma, de seus ministros, de
alguns sábios indianos, de tradutores, através deles, o Tibet possuiu o
completo Ensinamento do Buddha.
Ainda
que em outras partes do mundo também existam profundas doutrinas budistas,
alguns têm apenas a parte hinayana, outras têm apenas a parte mahayana, outras
têm apenas a parte mantrayana (não completamente, mas têm).
O
Tibet, porém, tem tudo, completo. Ensinamento Hinayana, o completo Ensinamento
Mahayana e o completo Ensinamento Mantrayana.
E
também tem as ciências relacionadas com a cultura budista, como a lógica, a
arte e assim por diante.
O
Tibet tem, não apenas o Ensinamento completo, mas o Mestres tibetanos atingiram
a mesma realização que os Mestres indianos tiveram.
É
por isso que se diz que o Tibet herdou os Ensinamentos na sua pureza, e não há
diferença de realização entre os Grandes Mestres Indianos e os Tibetanos. A
única diferença está no lugar onde aqueles e estes nasceram.
E
assim como cada um desses dois países possuíram grandes Mestres, também dentro
do Tibet cada uma das quatro escolas do Budismo tiveram igualmente grandes
Mestres: A escola Ningma, Sakya, Kagiu e Gelugpa tiveram todas elas grandes
Mestres.
Da
mesma forma na nossa tradição Sakya houve muitos grandes Mestres.
Os
antepassados da tradição Sakya tiveram Sete Grandes Khöns.
Os
Khön derivam diretamente de seres celestiais e mesmo naquele tempo antes do
advento do Budismo eles eram emanações de Manjushri.
Depois,
quando o Budismo veio da Índia, essa tradição [Khön] cresceu na propagação do
Buddha-Dharma e pelo fato de que um dos primeiros tibetanos a receber a
completa transmissão e ordenação era um Khön, cujo nome era Nagarashita.
Eram
sete pessoas a receber a ordenação e ele era um dos mais jovens. Havia três
velhos, um de meia idade, e três jovens. Nagarashita era o mais jovem. Todos
eles se realizaram como monges completamente ordenados e isso foi muito
auspicioso para o início da tradição do mosteiro tibetano.
Nagarashita
e seu irmão, Dorge Rinchem, receberam os profundos Ensinamentos diretamente de
Guru Padmasambhava e por esta razão eles praticaram o que se conhece como
"antigos seguidores", o que em outras palavras eram os
"Ningmapás".
Assim,
a família Sakya herdou a mais antiga tradição de Vajrakylayia, ou seja, por 950
anos essa tradição existe na família Khon.
Muito
tempo depois, o pai de Sachen Kunga Nyngpô (1092 – 1158), Khön Konchok Gyalpo,
sentiu que devido às circunstâncias viera o tempo de estabelecer uma escola
separada; que, se ele começasse uma escola separada seria mais benéfico; e
assim a Escola Sakya foi estabelecida.
Khön
Konchok Gyalpo estabeleceu o primeiro Mosteiro [Sakya]. Os Ensinamentos ali
foram confiados aos Tradutores, porque os Ensinamentos que vieram dos
tradutores eram considerados autênticos. Os Tradutores viajavam do Tibet para o
Índia e ali se encontravam com os grandes Mestres indianos e recebiam os
Ensinamentos.
Naquele
tempo vivia o tradutor Dromi Lotsawa, um dos maiores tradutores. De fato, o
grande Marpa, o fundador da Escola Kagiu, também estudou com Dromi Lotsawa.
Dromi Lotsawa era um grande Mestre. Ele foi para a Índia e estudou com o grande
"Karmalashila".
Assim
ele voltou para o Tibet e lá encontrou Gayadhara.
A
Linhagem do Landré: Virupa 837CE -
909CE; Krishnapa; Damarupa; Avadhutipa; e Gayadhara.
De
Gayadhara ele recebeu novamente o Ensinamento LanDré, lá mesmo no Tibet.
O
Treinamento da Mente, que é chamado "a liberação dos quatro apegos",
se origina no mestre Sakya Sanchen Kunga Ningpô.
Quando
ele tinha 12 anos, estava engajado numa prática de retiro de Manjusrhi por seis
meses, quando teve uma visão da deidade.
Manjusrhi
apareceu em sua visão e lhe deu o seguinte ensinamento:
1-
Se você tem apego a esta vida, você não é um praticante do Dharma.
2-
Se você tem apego ao Samsara, você não tem sentido de renúncia.
3-
Se você tem apego a si próprio, não há bodhiccita, pensamento de iluminação.
4-
Se você está agarrado, não existe a visão.
Nessas
quatro linhas todos os sentidos das seis paramitas, ou seis perfeições, estão
contidos.
A
fim de que você tenha o Dharma apropriado, ao invés de ter apego a esta vida,
sua mente deve estar apegada ao Dharma; ao invés de ter apego ao Samsara, ou
Existência, o nosso Dharma deve estar de acordo com certas instruções; ao invés
de estarmos apegados a nós mesmos, devemos aprender o caminho que nos liberta
das ilusões.
A
sabedoria vai aparecer e libertá-lo da confusão.
O
antídoto de estar apegado a si próprio é a sabedoria que vai além da ilusão.
Aparece a sabedoria que está além dos conceitos analíticos. Este é um tipo de
sabedoria além da fabricação dos dois extremos.
Dessa
maneira, como prática preliminar, vamos meditar e contemplar 1° a preciosa
existência humana, 2° a morte, e 3° a causa e efeito ou karma.
Que
é a meditação na preciosa existência humana?
Devemos
meditar nas características que constituem a preciosa vida humana.
Na
natureza, é muito difícil ter esta condição humana, por isto existem muitas
causas que fazem esta vida humana preciosa. Existem, poucos entre os seres
humanos, que têm esta inclinação para as coisas positivas.
No
que se refere ao número de seres, existem mais os que se estão degenerando; e
poucos se purificando. Por isso temos que compreender que esta preciosa vida
humana, tão difícil de acontecer, não deve ser desperdiçada com obras comuns.
Devemos utilizar esta existência humana para o esforço de libertar todos os
seres e com isto sermos beneficiados nas outras vidas.
O
próximo ponto é a meditação da impermanência e a morte.
Logo
depois que nascemos, já estamos a morrer. Não existe nada que não morra nunca.
As causas da morte são muitas e as causas que podem prolongar nossa vida são
muito pequenas, por isto devemos compreender que a qualquer momento podemos
morrer. Quando vem a morte, nada pode evitá-la: os parentes, as riquezas, os
remédios, os ritos. A única coisa positiva na hora da morte é a nossa prática
do Dharma, é a preparação para a morte.
O
próximo passo para a meditação é a Meditação no Karma, ou na causa e efeito.
Compreendendo
que esta existência humana é rara, e que esta vida que tem tantas
possibilidades não sabemos quanto dura, vemos que a única coisa que pode
ajudar-nos para as próximas vidas é a prática das causas puras do Dharma.
Portanto, a invés de nos tornarmos vítimas de uma vida sujeita à morte, devemos
usar cada momento, quando ainda estamos vivos, para praticar o Dharma.
Por
isso devemos conhecer as diferenças entre ações virtuosas e ações não
virtuosas, devemos nos prevenir de nos engajarmos em ações não virtuosas.
As
10 ações negativas ou não virtuosas são: As 3 ações negativas cometidas pelo
corpo: Roubar, Matar, Conduta sexual errônea.
As
4 ações negativas da fala: Mentir, Palavras fúteis, Caluniar, Tagarelice.
As 3 ações negativas da mente: Pensamento de
agressão, Cobiça, Visão errônea.
Estas
são as ações não-virtuosas, que são as causas devido às quais podemos nascer
nos 3 reinos inferiores.
A
causa e feito do karma é uma coisa inevitável.
Mesmo
que afortunadamente tenhamos nascido no reino humano, se fizermos as 10 ações
não-virtuosas iremos colher o que plantarmos. Por exemplo: aqueles que muito
mataram na vida passada, nessa vida terão vida curta; quem roubou no passado,
será pobre nesta vida. Aqueles que mataram na vida passada, nesta vida terão
gosto de matar, e serão assassinos, formando a cada vida um acúmulo cada vez
maior.
O
resultado das ações positivas como salvar a vida de animais ou qualquer ação
virtuosa nos leva a nascer nos 3 reinos elevados, pois a relação é causal para
cada ação: Não matar gera vida longa. Generosidade gera prosperidade material.
Devido
ao karma de termos feitos ações positivas, acabamos nascendo nas circunstâncias
que dão continuidade a realizar essas ações para beneficiar os outros.
Compreendendo a questão do karma, só assim teremos confiança para fazermos
ações positivas.
Devemos
ter o maior cuidado com o resultado de nossas ações.
Entretanto,
tudo isso existe do ponto de vista da verdade relativa.
Já
do outro ponto de vista, o da verdade absoluta, nada existe.
Por
isso terminamos a nossa fala citando o Sutra do Coração da Sabedoria, o que
lemos no início: “Por isso, Shariputra, todos os dharmas são vazio. Não existem
características. Não existe nascimento, nem cessação. Não existe impureza nem
pureza. Não existe aumento nem diminuição. Por isso, Shariputra, no vazio não
existe forma, nem sentimento, nem percepção, nem formação, nem consciência. Não
existe olho, nem orelha, nem nariz, nem língua, nem corpo, nem mente. Não
existe aparência, nem som, nem cheiro, nem sabor, nem tato, não existem
dharmas. Não existe dhatu do olho, nem dhato da mente, não existe dhatu de
dharmas, nem dhatu da consciência da mente. Não existe ignorância nem fim da
ignorância, assim como não existe nem velhice nem morte, nem fim da velhice e
da morte. Não existe sofrimento, nem origem do sofrimento, nem cessação do
sofrimento, não existe caminho, nem sabedoria, nem apego, nem desapego.”
Com
isso, nós concluímos o ensinamento de hoje, e vamos encerrar fazendo as preces
de dedicação dos méritos de termos ouvido estes ensinamentos, para todos os
seres.
Neste
Universo, todos desejam experimentar felicidades. E para conseguir a felicidade
todas as pessoas fizeram os seus melhores esforços. Sem desenvolvermos
Sabedoria Profunda, o simples progresso material externo não nos dará por muito
tempo o sucesso quanto à paz e à felicidade que estamos perseguindo. De acordo
com o Ensinamento budista, todos os seres viventes, se tentarem seguir o
desenvolvimento de um treinamento espiritual, serão bem sucedidos, porque todos
os seres viventes possuem a chamada natureza búdica. O que quer dizer que a
natureza mesma de nossas mentes, apesar de nunca estar totalmente livre de
obscuridades, apesar de nunca estar livre de poluições, apesar disso, a
verdadeira natureza da nossa mente é pura desde um tempo sem princípio, desde o
sem princípio. Não vemos a verdadeira natureza da mente e por isso, devido a
não conhecermos a realidade, nós nos inventamos um "eu". Essa é a
nossa principal ilusão. Mas as ilusões não são a natureza da mente, elas são
temporárias. Assim, com métodos corretos, nós podemos eliminar as ilusões. O
meio de eliminar essas corrupções é através do desenvolvimento do Método e da
Sabedoria.
É
muito importante conhecer as práticas espirituais da vida dos grandes Mestres
para que nos inspiremos a seguir os seus exemplos. Porque também os grandes
Mestres foram pessoas comuns como nós, e assim como nós estiveram cheios de
corrupções e cheios de obscuridades. Mas, porque entraram no caminho
espiritual, e devido à prática que fizeram, com muito esforço puderam eliminar
as obscuridades e desenvolver a Sabedoria e assim tiveram sucesso em suas
práticas.
Como
sabem, o Budismo começou na Índia. O Senhor Buddha nasceu na Índia e também
atingiu a Iluminação na Índia. E também na Índia demonstrou suas grandes
atividades físicas, suas grandes atividades verbais, suas grandes atividades
mentais. Mas a sua atividade mais importante ficou conhecida como "Girar a
Roda", Girar a Roda do Dharma. Primeiramente o Ensinamento vem do Buddha
para nós, e depois num momento posterior nós também prosseguimos. Este é o
sentido de girar a roda. Depois que o Budismo se estabeleceu na Índia, se
disseminou em vários países. Mas no Tibet, e graças à bondade de virtuosos Reis
do Dharma, de seus ministros, de alguns sábios indianos, de tradutores, através
deles, o Tibet possuiu o completo Ensinamento do Buddha. Ainda que em outras
partes do mundo também existam profundas doutrinas budistas, alguns têm apenas
a parte hinayana, outras têm apenas a parte mahayana, outras têm apenas a parte
mantrayana (não completamente, mas têm). O Tibet, porém, tem tudo, completo.
Ensinamento Hinayana, o completo Ensinamento Mahayana e o completo Ensinamento
Mantrayana. Os Mestres tibetanos atingiram a mesma realização que os Mestres
indianos. Cada uma das quatro escolas do Budismo tiveram igualmente grandes
Mestres.
A
tradição Sakya deriva da família Khön. Quando o Budismo veio da Índia, um dos
primeiros tibetanos a receber a completa transmissão e ordenação era um Khön,
cujo nome era Nagarashita. Eram sete pessoas a receber a ordenação e ele era um
dos mais jovens, e recebeu os profundos Ensinamentos diretamente de Guru
Padmasambhava e por esta razão eles praticaram o que se conhece como
"antigos seguidores", o que em outras palavras eram os
"Ningmapás".
Muito
tempo depois, o pai de Sachen Kunga Nyngpô (1092 – 1158), Khön Konchok Gyalpo,
sentiu que devido às circunstâncias viera o tempo de estabelecer uma escola
separada; que, se ele começasse uma escola separada seria mais benéfico; e
assim a Escola Sakya foi estabelecida.
Khön
Konchok Gyalpo estabeleceu o primeiro Mosteiro [Sakya]. Os Ensinamentos ali
foram confiados aos Tradutores, porque os Ensinamentos que vieram dos
tradutores eram considerados autênticos. Os Tradutores viajavam do Tibet para o
Índia e ali se encontravam com os grandes Mestres indianos e recebiam os
Ensinamentos.
Naquele
tempo vivia o tradutor Dromi Lotsawa, um dos maiores tradutores.
Assim
ele voltou para o Tibet e lá encontrou Gayadhara. A Linhagem do Landré:
Virupa 837CE - 909CE; Krishnapa;
Damarupa; Avadhutipa; e Gayadhara. De Gayadhara ele recebeu novamente o
Ensinamento LanDré, lá mesmo no Tibet. Sachen Kunga Nyngpô é considerado o
fundador.
O
Treinamento da Mente, que é chamado "a liberação dos quatro apegos",
se origina no mestre Sakya Sanchen Kunga Ningpô.
Quando
ele tinha 12 anos, estava engajado numa prática de retiro de Manjusrhi por seis
meses, quando teve uma visão da deidade.
Manjusrhi
apareceu em sua visão e lhe deu o seguinte ensinamento:
1-
Se você tem apego a esta vida, você não é um praticante do Dharma.
2-
Se você tem apego ao Samsara, você não tem sentido de renúncia.
3-
Se você tem apego a si próprio, não há bodhiccita, pensamento de iluminação. 4-
Se você está agarrado, não existe a visão.
Nessas
quatro linhas todos os sentidos das seis paramitas, ou seis perfeições, estão
contidos. A fim de que você tenha o Dharma apropriado, ao invés de ter apego a
esta vida, sua mente deve estar apegada ao Dharma; ao invés de ter apego ao
Samsara, ou Existência, o nosso Dharma deve estar de acordo com certas
instruções; ao invés de estarmos apegados a nós mesmos, devemos aprender o
caminho que nos liberta das ilusões.
A
sabedoria vai aparecer e libertar-nos da confusão.
O
antídoto de estar apegado a si próprio é a sabedoria que vai além da ilusão.
Aparece a sabedoria que está além dos conceitos analíticos. Este é um tipo de
sabedoria além da fabricação dos dois extremos.
Com
isso, nós concluímos o ensinamento de hoje, e vamos encerrar fazendo as preces
de dedicação dos méritos de termos ouvido estes ensinamentos, para todos os
seres.